Hexagrama 60 Limitação
Hexagrama 60 Limitação

Hexagrama 60 Limitação

O hexagrama LIMITAÇÃO complementa os anteriores, ALEGRIA E DISPERSÃO.

Nele há indicação de como agir para evitar os falsos desejos.

E o que de mais essencial esse hexagrama traz é a noção, aparentemente antagônica, de que a liberdade é uma conquista daquele que sabe obedecer.

“Para que o homem se fortaleça, sua vida necessita de limites impostos pelo dever e aceitos voluntariamente. A pessoa humana só adquire relevância enquanto espírito livre, quando se impõe limites e determina de forma espontânea o seu dever.” ¹

“… estabelecer o equilíbrio e a medida, a fim de manter o mundo dentro de limites. No lugar apropriado de modo a limitar; central e correto de modo a unir.” ²

Mas cuidado, aqui não se trata de deveres externos, como os deveres de um servo, um funcionário submisso. O dever é antes de tudo um dever que se relaciona com a potência. Nesse sentido nos aproximamos da Alquimia Interna para entender com profundidade a qual dever o I Ching se refere.

O Livro das Mutações, por ter passado por contribuições ao longo dos milênios, toca também em determinadas questões políticas.
E é preciso entender o I Ching apesar dessas contribuições.

Hexagrama Limitação

O hexagrama LIMITAÇÃO é composto pelos trigramas Lago e Água.
Sem limitação a água se espalha e não há formação de lagos.

É interessante pensar que o limite é o que une. E tal como a dispersão, que propicia a verdadeira união, o limite também tem essa função.

“A palavra chinesa para limitação refere-se, na realidade, aos nós que dividem um talo de bambu.” ³

Em relação ao bambu, são os nós que permitem que cresçam muito resistentes e ao mesmo tempo flexíveis.

O limite propicia as condições para a criação do novo. Sem limite não haveria diferenciação, multiplicidade e nem mesmo singularidade.

“Limitações são também indispensáveis para a ordenação das circunstâncias do mundo. A natureza tem limites fixos para o verão e o inverno, para o dia e a noite, e são esses limites que dão sentido ao ano. ”

Em suas linhas mutantes, o Hexagrama Limitação retoma idéias dos hexagramas anteriores e também enfatiza o equilíbrio necessário às limitações.

Se um homem pensa apenas em prazer e divertimentos, perde facilmente o sentido dos limites necessários. Entregando-se à dissipação ele terá que sofrer as consequências, quando, então lamentará eu infortúnio. Só quando um homem reconhece que é responsável por seus próprios erros é que se torna capaz de aprender com essas experiências dolorosas a evitar novas faltas.”  ⁵

“Limitações são penosas, mas eficazes. Não se deve perseverar ao se exercer uma limitação amarga.”

“Muitas vezes um homem gostaria de realizar algo, porém se vê diante de limitações intransponíveis. É necessário, então, que ele saiba discernir em que ponto deve parar. Se ele compreende isso claramente e respeita os limites que lhe foram impostos, poderá reunir a energia necessária para agir com firmeza, quando chegar o momento adequado. Durante a preparação de coisas importantes, a discrição é indispensável.”

“Toda limitação em seu valor. Mas nos casos em que requer um esforço constante, acarreta um gasto excessivo de energia. Quando, porém, a limitação é algo natural (como por exemplo na tendência da água a fluir sempre e somente na direção dos declives), conduz necessariamente ao sucesso, porque neste caso há uma economia de energia. A energia que de outro modo seria consumida num combate inútil com o seu objetivo, aqui é aplicada em benefício do que se está executando. O sucesso é, portanto, certo.” ⁸

¹ in I Ching: o livro das mutações, Hexagrama Limitação, p. 183. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.

² in I Ching: o livro das mutações, p. 501. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.

³ in I Ching: o livro das mutações, p. 182. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.

⁴ in I Ching: o livro das mutações, p. 182. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.

⁵ in I Ching: o livro das mutações, p. 183. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.

⁶ in I Ching: o livro das mutações, p. 182. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.

⁷ in I Ching: o livro das mutações, p. 183. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.

⁸ in I Ching: o livro das mutações, p. 184. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.


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