Os 5 elementos da natureza
Os 5 elementos da natureza

Os 5 elementos da natureza

Com o objetivo de difundir o conhecimento milenar sobre alquimia interna intrínseco ao I Ching, irei iniciar este artigo com trechos do livro que “contém um material de grande antiguidade.”¹

SHUO KUA, DISCUSSÃO DOS TRIGRAMAS, capítulo II: (…) “Quando os trigramas se interligam, isto é, quando estão em atividade, observa-se um duplo movimento. O primeiro é o movimento habitual, progressivo, no sentido dos ponteiros do relógio; acumula e expande cm o decorrer do tempo e determina os acontecimentos que seguem rumo ao passado. O segundo é o movimento oposto, retroativo, que se dobra e contrai no decurso do tempo; e através dele que as sementes do porvir vêm a tomar forma. A compreensão desse movimento possibilita o conhecimento do futuro. Isto pode ser expresso na seguinte imagem: caso se compreenda como uma árvore está contida no interior de ma semente, se poderá também compreender o futuro desdobramento da semente em árvore.

4 – O trovão provoca o movimento, o vento gera a dispersão, a chuva gera umidade, o sol gera calor, a Quietude gera imobilização, a Alegria gera o contentamento, o Criativo gera o domínio, o Receptivo gera o abrigo.

Aqui novamente são apresentadas as forças simbolizadas pelos oito trigramas primordiais em termos de seus efeitos sobre a natureza. Os quatro primeiros trigramas são designados por suas imagens, os quatro últimos, por seus nomes. Isso porque só os quatro primeiros designam, em suas imagens, as forças da natureza em atividade no curso do tempo, enquanto os quatro últimos indicam as condições que surgem no decorrer do ano.

Assim se tem primeiro uma linha de movimento progressivo (ascendente), na qual manifestam-se os efeitos das forças do ano anterior. De acordo com a seção 3, seguindo-se esta linha chega-se ao conhecimento do passado, pois este subsiste como causa latente nos efeitos que gerou.

No segundo conjunto, quando os trigramas são nomeados não através das imagens (fenômenos), mas de acordo com seus atributos, há um momento retroativo. Desenvolvem-se, nessa linha, as forças do ano que está por iniciar. Seguindo-se essa linha chega-se ao conhecimento do futuro que, em suas causas, está sendo preparado como efeito, como sementes que concentradas em si mesmas, preparam-se para o crescimento.

Dentro da Sequência Primordial essas forças agem em pares de opostos. O trovão, a força eletricamente carregada, desperta as sementes do ano anterior; sua contraparte, o vento, dissolve a rigidez do gelo do inverno. A chuva umedece as sementes, possibilitando-lhes o germinar; sua contraparte, o sol, provê o calor necessário. Por isso a expressão: “Água e fogo não se combatem”. Em seguida entram em jogo as forças retroativas. A Quietude bloqueia qualquer nova expansão: começa a germinação. Sua contraparte, a Alegria, gera o contentamento da colheita. Finalmente entram em jogo as duas forças diretrizes: o Criativo, que representa a grande lei da existência, e o Receptivo, que indica o abrigo no seio materno, ao qual tudo retorna após o ciclo da vida se ter completado.

Assim como no ciclo do ano, também na vida humana existem essas linhas de forças ascendentes e retroativas, das quais se podem deduzir o passado e o futuro.”

´(…) p. 212 a 215- 11- Simbolismo adicional:

O Criativo é o céu, é redondo, o pai, metal, frio.

O Receptivo é a terra, um tecido, a mãe, a multiplicidade, o caldeirão cozinhando.

O Incitar é o trovão, o bambu verde, decisão e veemência, o forte, que cresce em abundância.

A Suavidade é a madeira, o vento, o fio condutor, o trabalho, é o avanço e o recuo.

O Abismal é a água, fossos, emboscada, é o que se dobra e desdobra, o arco e a roda.

O Aderir é o fogo, o sol, o raio, seco, armaduras e lanças.

A Quietude é a montanha, uma via de encontro, as pequenas pedras, portas e aberturas frutas e sementes.

A Alegria é o lago, uma feiticeira que fala, significa estragar e partir-se, cair e entreabrir-se.”

“p. 228 O luminoso e o obscuro designam dois poderes primordiais da natureza enquanto o firme e o maleável são os termos usados para designar as linhas dos trigramas.

p 229 Os poderes primordiais nunca se detêm, pois o ciclo do devir prossegue sem se interromper. Isso porque entre os dois poderes primordiais surge um contínuo estado de tensão, uma diferença de nível que os mantém em movimento, levando-os a se unirem. Com isso eles estão sempre gerando um ao outro, sem cessar. (…) Essa propriedade do Tao de manter o universo através de uma constante recriação do estado de tensão entre essas polaridades (…)

Portanto, a compreensão do Livro das Mutações decorre também do vínculo de uma concentração e meditação.“ ⁴

Para elucidar ainda mais essa afirmação, abordarei três hexagramas que contém passagens muito relevantes: RETORNO; A QUIETUDE e O CALDEIRÃO.

Hexagrama 24. Retorno (O Ponto de Transição): p. 375 “As coisas não podem ser destruídas de uma vez para sempre. Quando o que está acima se desintegra por completo, ele retorna abaixo (…) RETORNO significa voltar. O Hexagrama RETORNO é o cerne do caráter. O RETORNO é pequeno e entretanto distinto das coisas externas. O RETORNO conduz ao autoconhecimento. O princípio luminoso retorna; assim, o hexagrama aconselha afastar-se da confusão do mundo externo e retornar à natureza luminosa de sua primordial constituição interna.

Lá, nas profundezas da alma se encontra o Divino, o Uno. De fato, é apenas um pequeno germe, um princípio, uma potencialidade, porém, mesmo como tal, é nitidamente distinto de todos os objetos. Conhecer essa unidade significa conhecer a si mesmo em relação às forças cósmicas. Pois essa Unidade é a força ascendente da vida na natureza e no homem.

Este hexagrama expressa a idéia de que a força luminosa é o princípio criativo do céu e da terra. Trata-se de um eterno movimento cíclico, no qual a vida ressurge no exato momento em que parece ter sito totalmente vencida. (p. 375)

As coisas não podem ser destruídas de uma vez para sempre. Quando o que está acima se desintegra por completo, ele retorna abaixo.

O hexagrama aconselha afastar-se da confusão do mundo externo e retornar à natureza luminosa de sua primordial constituição interna.

De fato, é apenas um pequeno germe, um princípio, uma potencialidade, porém, mesmo como tal, é nitidamente distinto de todos os objetos.

Conhecer essa unidade significa conhecer a si mesmo em relação às forças cósmicas.

Qual a relação entre o O Ching e as fórmulas milenares da Alquimia Interna?

Na teoria dos cinco elementos, existem dois ciclos de transmutação básicos pelos quais as energias estão interligadas. Um é chamado de ciclo criativo, ou generativo, no qual uma energia estimula e amplifica a próxima: a água gera madeira, que gera fogo, que gera terra, que produz metal, que completa o ciclo criando água. O outro é chamado de ciclo de controle, ou destrutivo, onde uma energia impede e reduz a atividade da próxima: a água impede o fogo, o fogo reduz o metal, o metal controla a madeira, a madeira reduz a terra e a terra impede a água.

Quando os trigramas se interligam, isto é, quando estão em atividade, observa-se um duplo movimento. O primeiro é o movimento habitual, progressivo, no sentido dos ponteiros do relógio; acumula e expande com o decorrer do tempo e determina os acontecimentos que seguem rumo ao passado. O segundo é o movimento oposto, retroativo, que se dobra e contrai no decurso do tempo; e através dele que as sementes do porvir vêm a tomar forma. A compreensão desse movimento possibilita o conhecimento do futuro. Isto pode ser expresso na seguinte imagem: caso se compreenda como uma árvore está contida no interior de ma semente, se poderá também compreender o futuro desdobramento da semente em árvore.

O Qi Gong Medicinal fornece um mecanismo através do qual se pode guiar e equilibrar as cinco energias elementares que compõem o sistema humano. Trabalhando com os cinco elementos, os praticantes são capazes de restaurar e manter o equilíbrio natural entre as energias vitais que governam os órgãos internos e regulam suas funções e tecidos relacionados.

Seguem trechos do Hexagrama 50. O CALDEIRÃO: “O destino do fogo depende da madeira; enquanto houver madeira abaixo, o fogo arderá acima. O mesmo ocorre na vida humana. No homem também há um destino que dá força à sua vida e que se consolida enquanto o homem consegue posicionar corretamente a vida e o destino, harmonizando-os. Essas palavras contém referências ao cultivo da vida tal como era transmitido pela tradição oral dos ensinamentos secretos do yoga chinês.(nota a tradução brasileira: O termo yoga é aqui usado por Wilhelm no sentido estrito de sua etimologia, não devendo ser confundido com as várias correntes do pensamento indiano que são habitualmente designadas por esse termo. “Yoga“ vem da raiz sânscrita “yug“, que se referia à canga usada para juntar a parelha de bois. “Yoga“, portanto, significa um recurso ou meio de união, no caso união do consciente com o inconsciente pretendida pelo esoterismo chinês. (Nota da tradução brasileira)

Cultivo da vida tal como era transmitido pela tradição oral dos ensinamentos secretos do yoga chinês – A alquimia interna é prática milenar referida nessa tradução como Yoga chines. A tradição da prática da Alquimia na china está ligada ao cultivo da energia CHI. Esse cultivo acabou por se dividir entre alquimia interna e externa, Alqumia interna ou Nei Dan e Qi Gong ou Chi Kung

Seguem trechos do Hexagrama 52. A QUIETUDE: “(…) Quando aplicado ao homem, o tema do hexagrama consiste na busca da serenidade do coração. É muito difícil acalmar o coração. Enquanto o Budismo aspira à quietude através de uma extinção de todo movimento no Nirvana, o Livro das Mutações sustenta que a quietude é somente um estado de polaridade que tem como constante complemento o movimento. Talvez as palavras do texto contenham indicações para a prática do yoga. (…) – ver também artigo sobre a quietude.

(…) Mantendo imóvel o quadril. Rigidez na região do osso sacro. Perigo. O coração sufoca. Isso se refere a uma tranquilidade forçada. Procura-se dominar a agitação do coração por meio da violência. Porém, o fogo, ao ser abafado, transforma-se numa fumaça acre que vai asfixiando à medida que se espalha. Do mesmo modo, em exercícios de meditação e concentração não se deve procurar forçar resultados. Ao contrário, a quietude deve surgir espontaneamente, a partir de um recolhimento interior. Caso se procure impor a tranquilidade através e uma rigidez artificial, a meditação poderá causar grandes perturbações.
Mantendo imóvel o tronco. Nenhuma culpa. Como foi indicado no comentário do Julgamento, manter em repouso as costas significa esquecer o eu. A quietude chega, então à sua culminância. Aqui esse estágio ainda não foi alcançado. Apesar de se ter alcançado o eu com seus pensamentos e impulsos, não se está totalmente livre de seu domínio. Porém, ainda assim a quietude do coração é uma função importante, e com o tempo conduz à completa eliminação dos impulsos egoístas. Apesar de o homem não ter se libertado dos perigos da dúvida e da inquietude, esse estado de ânimo não é um erro, pois, conduz, ao final, a um nível mais elevado.
Mantendo imóveis as mandíbulas. Quando um homem se encontra numa situação perigosa para a qual não está preparado, tende muitas vezes a falar em excesso e se permitir brincadeiras inoportunas. Mas descuidos de linguagem conduzes, muitas vezes, a situações que mais tarde poderão ser motivo para arrependimento. No entanto, quando se é discreto ao falar, as palavras vão adquirindo uma precisão cada vez maior e desaparecem, então, todos os motivos de arrependimento. (p. 163)

(Artigo em processo de finalização, este é um rascunho, as citações ainda não foram revisadas.)

¹ WILHELM, RICHARD I Ching: o livro das mutações – Livro Segundo, Introdução, p. 202. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.(p. 201)

² WILHELM, RICHARD in I Ching: o livro das mutações, SHUO KUA, DISCUSSÃO DOS TRIGRAMAS p. 205. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.(p. 201)

³ in I Ching: o livro das mutações, SHUO KUA, DISCUSSÃO DOS TRIGRAMAS p. 205. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.(p. 201)

⁴ in I Ching: o livro das mutações, livro segundo, TA CHUAN – O GRANDE TRATADO (também denominado Comentário aos Julgamentos Anexos), primeira parte, capítulo XI – Sobre as varetas de caule de milefólio, os hexagramas e as linhas, p. 243. Tradução do chinês para o alemão, introdução e comentários Richard Wilhelm. Tradução para o português Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São Paulo: Editora Pensamento, 2006.